O que causa a Endometriose?
Essa é a grande questão: se você souber a causa, é possível prevenir e agilizar o tratamento da endometriose, não é mesmo?
Assim, diversas teorias foram propostas para explicar a causa da endometriose, mas nenhuma conseguiu esclarecer totalmente a origem da doença.
Por isso, acredita-se que a associação de vários fatores causais seja a forma mais fácil de explicá-la. Conheça os principais:
Origem Müleriana
Proposta inicialmente por Von Recklinghausen, em 1896, e depois por Russell, em 1899, foi a primeira teoria apresentada para explicar a endometriose, sugerindo a existência de células originárias do ducto de Müller (resquício embrionário da mulher) que se desenvolveriam no endométrio.
Atualmente é questionada, já que a localização anatômica da endometriose não se relaciona apenas com as vias originadas pelos ductos de Muller.
Metaplasia Celômica
Em 1919, Meyer propôs a transformação do epitélio celomático em glândulas e estroma endometriais, a partir de estímulos hormonais.
Assim, células indiferenciadas, se transformariam em células de endométrio causando a endometriose.
Atualmente, essa é a teoria mais aceita para explicar a endometriose em ovário, septo retovaginal e intestino, além dos casos de endometriose fora da cavidade abdominal.
Menstruação Retrógrada
Proposta por Sampson em 1921, representa uma das principais e mais aceitas teorias para explicar a origem da endometriose.
Sugere a presença de fluxo menstrual retrógrado através das tubas uterinas e o implante e adesão destes fragmentos de endométrio no peritônio (tecido de revestimento externo dos órgãos).
A teoria da Menstruação Retrógrada é a mais aceita para explicar os focos de endometriose no peritônio, embora não esclareça os focos de endometriose à distância, como em cicatriz cirúrgica, pulmão ou cérebro.
Outro fato curioso é que, apesar da menstruação retrógrada ser observada em até 90% das mulheres, nem todas desenvolvem a doença.
Disseminação Linfática e Hematogênica
Por algum tempo, essa teoria foi utilizada para explicar a presença da endometriose à distância (ou seja, em regiões corpóreas que não compõem o aparelho reprodutor feminino, como parede abdominal, região inguinal, pulmão, cérebro, entre outros).
No entanto, hoje não é aceita pois nunca conseguiu ser comprovada.
Teoria Hormonal
Atualmente aceita para explicar a manutenção e a disseminação da endometriose, bem como justificar o tratamento com medicações anti-estrogênicas em mulheres diagnosticadas com a doença, baseia-se na dependência dos implantes de endometriose ao estrógeno para se desenvolver.
Essa teoria ainda destaca os fatores relacionados à doença, como primeira gestação tardia – que estimula o aumento de ciclos menstruais -, a baixa frequência de endometriose fora da fase reprodutiva, a melhora na gestação e a variação cíclica dos sintomas de acordo com a fase menstrual, além da manifestação da doença em homens submetidos a tratamentos com estrogênios.
Teoria Imunológica
Weed e Arguembourg (1980) foram os primeiros a sugerir um distúrbio imunológico para explicar o desenvolvimento da endometriose.
A partir de então, muitos estudos têm relacionado a doença às alterações específicas da imunidade, que diminuiriam as chances do organismo se defender de células de endométrio que se implantariam nos tecidos e desenvolveriam a endometriose.
Enigma autoimune sintomas
Vários estudos defendem essa teoria. Sabe-se que a endometriose apresenta um componente ligado à diminuição das defesas do organismo, já que várias alterações no sangue ligadas à inflamação seriam responsáveis pela redução da imunidade.
Além disso, há diversos aspectos comuns entre as doenças autoimunes e a endometriose que confirmam essa teoria, tais como:
- É um processo que envolve vários órgãos
- Ocorrência familiar, base genética
- Preponderância em mulheres
- Fatores ambientais
- Dano tecidual (apoptose)
- Anormalidades em linfócitos
- Associação com outras doenças imunológicas, como o hipotireoidismo
Angiogênese sintomas
O desenvolvimento de novos vasos sanguíneos a partir de vasos preexistentes, processo conhecido como angiogênese, representa um ponto importante na manifestação da endometriose.
Isso porque, semelhante às metástases tumorais, os implantes de endometriose precisam de novos vasos sanguíneos para garantir a oxigenação e o suprimento nutricional necessários ao seu crescimento.
Assim, foi observada a presença de vários fatores que aumentam a vascularização em mulheres com endometriose, com destaque para o VEGF (Vascular Endothelial Growth Factor), justificando a agressividade da doença.
Causas Fatores Ambientais
Várias substâncias encontradas na natureza, ou provenientes da ação do homem, apresentam atividade estrogênica.
As mais estudadas atualmente relacionadas à endometriose são as dioxinas, em especial, o TCDD (2,3,7,8-tetraclorodibenzeno-p-dioxina), referência de compostos de hidrocarbonos aromáticos halogenados.
Outros estimulantes não-naturais da produção de estrogênio são os componentes fenólicos usados na fabricação de pesticidas e plásticos policarbonados, que adquirem atividade estrogênica quando cloretados.
Causas Fatores Genéticos
É cada vez maior a busca por uma causa genética que explique a presença da endometriose. Em 1980, ocorreu a primeira argumentação de que a doença era mais frequente em mulheres com parentes diagnosticadas, em algum momento, com endometriose.
Em 1994, um estudo apontou índices de 4% a 6% de acometimento familiar nas portadoras de endometriose e, em 2005, outro estudo defendeu o aumento do risco de manifestação entre 5% e 8% de pacientes com parentes de primeiro grau diagnosticadas com a doença.
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Referências bibliográficas
Acurácia do Ultrassom Transvaginal para Diagnóstico de Endometriose Profunda no Retossigmoide: Revisão Sistemática e Meta-Análise. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26213903/
Abordagem sistemática da avaliação ultrassonográfica da pelve em mulheres com suspeita de endometriose, incluindo termos, definições e medidas: uma opinião de consenso do grupo International de Analise da Endometriose Profunda (IDEA). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27349699/
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Ultrassonografia para Endometriose Profunda Infiltrativa e Ovariana. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28076877/
Ultrassom transvaginal versus ressonância magnética para diagnóstico de endometriose profunda infiltrativa: revisão sistemática e metanálise. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29154402/
Saiba mais sobre:
Quais os tipos de endometriose?
Artigo publicado por Dra. Aline Mormilo Borges CRM 120.044
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